sábado, 22 de setembro de 2012

Admirável Mundo Novo


Então imaginem um lugar onde não exista dor e que a morte não cause espanto. Em 1932 Aldous Huxley pensou nisso e escreveu Brave New World ou Admirável Mundo Novo. Um mundo onde os sentimentos e a razão são condicionados ao uso de uma droga. Um mundo onde seus habitantes são regidos por leis separatistas de bem estar constante. Parece genial! Parece um surto psicótico de algum enredo de Literatura Fantástica ou uma narrativa alucinógena de algum usuário de drogas. O fato é que a viagem astral que a obra, por esta leia-se o filme que assisti, nos condiciona é de fato, fantástica. Fantástica porque o homem do nosso mundo vive em busca desse refúgio e é preciso uma genialidade ímpar para transpor numa obra esse futuro. Recordo-me aqui da apresentação de Walquiria, quando digo que o mundo moderno tem sido palco de grandes mudanças que anseiam por futuro. É do protótipo de nosso homem civilizado, essa busca incansável pela felicidade plena. O grande entrave dessa questão é: como conquistá-la? Ou melhor, como fabricá-la? Já que no mundo hoje tudo tem um preço e nada tem valor, é de se questionar o nível de produção e independência do homem moderno. É possível imaginar felicidade vendida em cápsula? É possível passar a ser usuário desta droga e esquecer o dogmatismo e os valores que norteiam nossas ideologias? Para tanto, nem ao menos precisaríamos de uma ideologia, só nos bastava mesmo sermos felizes. 

A nossa condição humana e racional, deveras diminuta ante tal façanha, nos faz redemoinhar como farrapos em meio ao turbilhão de possibilidades concatenadas, presas ao que seja realmente a vida. O fato de buscarmos no outro nossas realizações e sermos nocauteados pelas (in)verdades alheias no espectro do nosso eu nos permite delirar e imaginar ser possível isso e muito mais. Porém, é preciso esclarecer, que assim como a “soma” (cápsula ingerida para entorpecer a razão na obra) não existe, senão no plano das ideias, ou na concepção mais linear do que se entenda por drogas do mundo real, não existe também um efeito constante e imune ao tempo dessa (s) overdose (s). Seria, portanto, necessário, nos tornarmos dependentes para satisfação plena e passar a acreditar que com o tempo, seu efeito não seria minimizado, assim como os valores que pelo proposto, são solenemente destruídos. Por esses valores leia-se: amor, família, morte e vida entre tantos outros que permeiam nosso existencialismo nesse mundo. Se enlameado, como canta Marinês, ou não, é ele, palco de nossas vidas, teatro das artes de uma força criadora maior que a proposital e desafiadora ideia de vencê-lo pelo medo de enfrentá-lo.

Um comentário:

  1. Adorei o texto... é para isso que serve uma obra de arte: para nos fazer pensar!
    HUGS
    Vilian

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