domingo, 13 de maio de 2012

♪♫ Freud explica...


Depois que Freud e sua apocalíptica ideia de repressão invadiram nossas mentes, passamos a acreditar que para tudo há uma explicação racional, ainda que muitas vezes desejemos negá-la com solenidade tal qual o apostolo Pedro. 
 
As nossas ideias e ações, segundo ele, nascem de nossos desejos, nós somos o que pensamos e vez em quando por pensar demais naquilo que existe tão somente no plano das ideias, denunciamos desejos guardados realizando feitos que massacram a consciência num dado instante de conservação ideológica de um tempo. Um tempo onde se atende uma série de convenções para bem rezar suas verdades. E não foi bem isso que Focault disse? O homem vive a verdade de seu tempo...

De tal maneira, também pensando, eu mesmo me contesto. Ontem falando sobre Macabéa (postagem anterior) me veio logo após a nota alguns questionamentos envolto ao comportamento do nordestino diante dos dragões intelectuais do Sul e Sudeste, aí, imediatamente lembrei de um folder que circulou esses dias no facebook, onde este dizia “com preconceito ou não, é o nordeste quem faz a Rede Globo”, ilustrado com fotos de artistas e obras nossas de maior audiência no canal de televisão. 

Ontem também, eu já falava das muitas Macabéas e Macabeus que ainda hoje transgridem esse sonho para a realidade entronizada nas múltiplas consciências coexistentes com a dor de Macabéa, a dor de existir, pois sendo a nossa condição existencial, razão primária do nosso modo de ser, pensar, falar e agir, nos condiciona a um comportamento estranho e avesso que muitas vezes reaparece na marra para lembrar que existimos.

Resta-nos avaliar o porquê da evidência do Nordeste na mídia e do nosso posicionamento, enquanto personagens de Clarice, ou não, ante essas evidências. Porque bem mais parece ser o Nordeste a repressão ideológica do país, onde de quando em quando alguém escreve sobre ele para mostrar o grosso da nossa história. Assim, ele (re)aparece como um lapso de memória ou como um vilão de uma novela bem escrita, daqueles que todos pensam que morreu e ele passa no último capítulo numa praia paradisíaca bebendo água de côco. E se a caricatura é jocosa é apenas por negar, tal qual freudianamente, aquilo que denunciam as verdades absolutas do nosso Eu, inclusive aos que abaixam a cabeça ou fingem que não nos veem. Existirmos, a que será que se destina? Já nos questiona Caetano Veloso, pela grandeza e pequenez de cada ser que habita este lugar numa passagem de fenomenal correspondência entre aquilo que somos e que gostaríamos de ser.


os meus 20 anos de boy, that's over baby, Freud explica.
(Zé Ramalho)

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