domingo, 4 de março de 2012

reminiscências, utopias e inquietudes...


Ter online em conexão banda larga a memória da passada e presente vida dos ricos e pobres, mas grandes prazeres do interior é um meandro que atenua a consciência num lapso paradoxal às realidades do ontem e de agora. Pois sentado à beira da calçada de onde cresci ouvindo histórias de trancoso, misticismo e religiosidade vejo-me em instante ímpar apreciando o raro relâmpago que corta o nascente trazendo os ventos do norte e anunciando por um excesso de umidade no ar a chuva que deverá cair e a banhar as secas ruas de nossas realidades. É desse chão terroso, desse solo calcinado pelo sol do nordeste que ainda não tornou-se independente onde entre um boa noite saudosista e um cumprimento menos formal a um aluno que passa escrevo essas linhas para talvez (e somente talvez) em comunhão sincrônica possa pela diacronia que me rege serem lidas por pessoas que jamais conhecerei ou que talvez jamais sentem comigo nessa mesma calçada.

Por muito tempo, acreditou-se que o Brasil fosse o Rio de Janeiro e São Paulo (estilisticamente falando). Aí, desvairadamente Mário de Andrade escreve “o descobrimento” e tudo se revela, se redescobre e se desnuda numa outra ótica de condição existencial não só as margens plácidas do Ipiranga, mas também de um poeta que come amendoim e ostenta em seu peito a mesma saudade que apraz o símbolo áureo de ser brasileiro nos seringais da região norte. Patriótico ou patético é o mesmo homem, porque sendo o longe um lugar que não existe, a diferença é apenas a igualdade que nos une.

Pensando assim, me vêm à mente os questionamentos de ordem primária sobre as relações humanas e as querelas de suas sutis transições. O homem de nosso tempo vive um Brasil emergente, sem tempo para o brasileirinho, vive sufocado pelo Brasil de três poderes que o faz da forma mais mambembe possível um mamulengo de seus acordes. Esquecendo-se esse homem, provinciano que nem eu, que daqui do interior bebendo água filtrada ou cristalizada das fontes límpidas acesso os mesmo sites e sou tão alfabetizado/letrado quanto, se assim eu quiser. Que é a minha cultura também, que em maior parte faz ressuscitar um Brasil diluído nas valências das festas de junho. 

Sistematizar cartesianamente as realidades faz parte da poesia, o homem está sempre retratando seus desejos como forma de repressão à sua realidade, este é um recalque inato do poeta que inegavelmente esta em desequilíbrio com a harmonia de suas idéias na tentativa liquidificar o feio e o belo representando simbolicamente nossas vidas e assim nós mesmos. Porque então mede-se tanto as valias geográficas em detrimento da pesudo intelectualidade de quem a faz? Essa parece uma idéia torpe dos desacordados das minhas idéias. O Brasil é heterogêneo em seus heróis, em sua história... Mas homogêneo, pequeno e humilde em seus protagonistas, porque daqui eu também sou responsável pela memória da cultura brasileira e daqui abancado a escrivaninha transitivamente me vem aquela voz interna e conflitante que canta com Caetano Veloso e Ferreira Gullar “na esperança talvez que o acaso por mero descaso me leve a você.”

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