terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
domingo, 1 de fevereiro de 2015
sábado, 31 de janeiro de 2015
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Sobre "Além do brilho da estrela"
PALAVRAS DO AUTOR
Além do brilho da estrela é uma grande
viagem. Grande por nos conduzir ao Egito – das civilizações antigas estudadas é
a que mais aprecio desde sempre. E maior ainda por nos convidar a conhecer e
entender os conflitos existencialistas do professor Alcântara Machado, o que em
tese, a torna uma novela psicológica. Acredito que exercitar essa jornada,
duplamente identificada, torna a leitura desta narrativa tensa, assim como foi
tensa sua escrita. Foram meses de pesquisa, de resgate memorial, de formação de
personagens complicados do ponto de vista simétrico; mas acredito também que
valeu a pena, porque suas formações são dadas para se contornarem
imageticamente na compreensão do leitor. Não tenho muita clareza, e, certamente
por isso, não posso garantir que será bem compreendida. Afinal, o dito pelo não
dito – me permitam a comparação pragmática – vale o que está escrito.
Essa
é uma novela para quem gosta de viver, de viver intensamente, às vezes nos
extremos: nas periferias e bangalôs dos mais nobres sentimentos que habitam a
emoção e a razão do homem de todos os tempos. A ambientação egípcia, conforme
exposta, é a materialização gráfica de um prazer pessoal. Acredito que
conduzindo a trama entre lá e cá, podemos enriquecer o enredo de forma cultural
e estética. São outros espaços, outras culturas e as mesmas histórias.
Sobretudo quando considero como ponto de partida desta narrativa, uma
cronologia desde antes de Cristo até a contemporaneidade costurada por
misticismos e conflitos, não lineares, que ornamentam as personagens e suas
histórias transversalmente paralelas.
Parte
do público que leu meu trabalho anterior cobrou outra novela, e me cobraram com
uma pressa excessiva. Isso poderia ter me envaidecido, mas foi relendo Walquiria que encontrei outro caminho de
escrita. Caminho que espero poder trilhar com vocês a partir de agora nas
páginas desta novela. Acredito que isso faz parte do processo de criação, e
como não escrevo em ritmo industrial, o tempo de escrita me foi favorável.
Saudável, até.
Busco,
portanto, revelar com essas novas histórias dentro de uma grande história, a
união de universos heterogêneos porque assim é a nossa vida. Composta de
heterogeneidades que vão matizando um sentido só: o de viver.
Fernando
Filgueira Barbosa Júnior
domingo, 21 de dezembro de 2014
Era para ser um dia muito feliz, porque
No dia em que festejava o dia dos seus anos,
eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até você fazer anos era uma tradição de há séculos.
E a alegria de todos, e a minha,
estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejava o dia dos seus anos,
eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma.
De ser inteligente para entre a família,
e de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças...
De Álvaro de Campos (Aniversário) com adaptação pronominal minha, em memória do meu inesquecível irmão.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Plantão da tarde
Um incêndio em um terreno baldio que se avizinha com minha residência causou alvoroço neste fim de tarde. Não sabemos ao certo o que o ocasionou, acreditamos, na melhor das hipóteses, que alguém tenha pulado a cerca e tocado fogo no mato seco e nos entulhos de lixo, uma vez que os limites do terreno se avizinha com nossas residências, tendo somente a frente aberta para a rua.
Moradores tentam apaziguar o fogo, mas a escassez de água nas torneiras dificulta o trabalho dos voluntários. Enquanto isso, as pessoas se asfixiam com os gases poluentes...
Acionado, o corpo de bombeiros consegue chegar ao local quando não precisamos mais. Fim de papo!
Marcadores:
Cidades,
Meio Ambiente
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Para refletir
A foto é chocante e cenas como essa tornaram-se cada vez mais comuns: uma menina na rua, tomando banho na lama e em poder de um pai embriagado. Poderia ser menos chocante se a solução para o problema não fosse "tapar o buraco".
Leia em O GLOBO.
Marcadores:
Comportamento,
Sociedade
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Ainda sobre Chaves
Ontem foi o enterro do Chaves...
É muito estranho aceitar que nossos heróis também morrem. Não basta saber que quem partiu foi o autor/criador e não a personagem. A transferência afetiva é inevitável! Mesmo sabendo que vamos continuar assistindo Chaves repetidas e incansáveis vezes, alguma coisa dentro de nós se desligou. Alguma coisa que nenhuma religião é capaz de ligar novamente, alguma coisa que não se explica, mas se traduz no olhar desemparado que encontra milhões de corações órfãos batendo na mesma frequência. Bolaños não chegou a ter uma noção exata do amor que plantou no coração de cada brasileiro, mas levou consigo a certeza que seu dom foi muito bem desenvolvido, aceito e compreendido.
Hoje voltei a me emocionar quando encontrei Gerlania Medeiros e ela me disse que instantaneamente lembrou-se de mim e de seu sobrinho, ainda criança. Essa associação mostra que Chaves não tem idade e que quando se gosta desinteressadamente de alguém, esse alguém passa a lhe representar na sua ausência. Fico muito feliz em ser lembrado através da figura que fez parte da minha infância e estará até todo sempre na tela da minha TV.
Deixo meu abraço espiritual a Dona Florinda, pela grata satisfação de ainda vivermos no mesmo tempo e a todos os fãs que sentiram o que eu senti.
— se sentindo triste.
sábado, 29 de novembro de 2014
Sobre Chaves, o sonho não acabou
Chaves é sem dúvida, ainda hoje, o humor mais saudável da televisão brasileira. Sem nunca apelar para mediocridade, está no ar com o mesmo encantamento que faz crianças, jovens e adultos serem seus fãs. Hoje é um dia muito triste, sua partida, embora muitas vezes tenha sido falsamente anunciada nas redes sociais, nos deixou tão órfãos quanto o menino que vive no pátio dentro de um barril sonhando com sanduíches de presunto.
É muito fácil falar da personagem Chaves porque seu cronotopo transcende classes sociais e o próprio tempo. Suas lições serão sempre atuais, porque o amor ao próximo nunca sairá de moda, e este é o maior ensinamento deixado pelo magnífico, pequeno Shakespeare: Roberto Gómes Bolaños.
Não conheço e nem quero conhecer quem não goste de Chaves. Não quero assistir nada na TV que me faça chorar porque até hoje ele só me fez sorrir. Sobre Chaves, o sonho não acabou.
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Sobre a política. Texto de 1917, continua valendo
Mandado de despejo aos mandarins do mundo:
Fora tu! Reles, esnobe, plebeu
Fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade
Banalidade em caracteres gregos
Sopa salgada fria
fora com tudo isso
FORA!
Que fazes tu, nas celebridades?
Quem és tu?
Tu da juba socialista
Tu qualquer outro
Todos os outros
LIXO
CISCO
CHOLDRA PROVINCIANA
SAFARDANAGEM INTELECTUAL
INCOMPETENTES
BARRIS DE LIXO VIRADOS PARA BAIXO
Tirem isso tudo da minha frente
Tudo daqui pra fora
Ultimatum à todos eles e a todos os outros que sejam como eles
TODOS!
Falência geral de tudo por causa de todos
Falência dos povos e dos destinos
Desfile das nações para o meu desprezo
Passai gigantes de formigueiro
Passai mistos que só cantai a debilidade
Passai BOLOR DO NOVO
PASSAI A ESQUERDA DO MEU DESDÉM
Passai e não volteis
Páreas na ambição de parecer grande
Passai finas sensibilidades
MONTE DE TIJOLOS COM PRETENSÕES À CASA
Inútil luxo, passai
Vã grandeza ao alcance de todos
Megalomania triunfante
Vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo
Chocalhos incompletos
Maravalhas, passai
Passai tradicionalistas auto-convencidos
Anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
para quererem deixar de trabalhar
Vem tu finalmente ao meu asco
Roça-te finalmente contra a sola do meu desdém
[...] Quem acredita neles?
Descasquetem o rebanho inteiro
Mandem tudo para casa descascar batatas simbólicas
O mundo tem sede de que se crie
Tem fome de futuro
[...] A POLÍTICA É A DEGENERAÇÃO GORDUROSA DAS ORGANIZAÇÕES DA INCOMPETÊNCIA
Sufoco de ter só isso a minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo
Nenhuma ideia grande
Nenhuma corrente política que soe a uma ideia grão
Época vil dos secundários
Dos aproximados, dos lacaios
Com aspirações a reis lacaios
Sim, todos vós que representais o mundo
Que sois políticos em evidência
Passai, vós ambiciosos de luxo cotidiano
Aristocratas de tanga de ouro
PASSAI
[...] Passai frouxos
Passai radicais do pouco
O mundo quer grandes poetas
Quer grandes estadistas
Quer grandes generais
Quer o político que construa conscientemente os destinos inconscientes dos eu povo
Quer o poeta que busque a imortalidade ardentemente
E não se importe com a fama
Quer o general que combata pelo triunfo construtivo
Não pela vitória em apenas se derrotam os outros
O mundo quer inteligência nova
Sensibilidade nova
O que aí está a apodrecer a vida quando muito é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar porque não é nada
Eu da raça dos navegadores lhes afirmo que não pode durar
Eu da raça dos descobridores desprezo o que seja menos que descobrir um mundo novo
Ergo-me ante o sol que desce
E a sombra do meu desprezo anoitece em vós
Proclamo isso bem alto
Braços erguidos fitando o atlântico e
Saudando abstratamente o infinito.
ULTIMATUM
Alvaro de Campos, 1917
Assinar:
Postagens (Atom)