sexta-feira, 17 de julho de 2015

Minha pátria é minha língua


Na Língua Portuguesa o emprego das letras e sinais não é uma tarefa fácil, uma vez que um mesmo som pode pode ser representado por mais de uma letra, do mesmo modo que uma letra pode representar mais de um som. Além disso, o nosso alfabeto não consegue representar todo o sistema sonoro do idioma, de modo que se fazem existir palavras cuja pronúncia se desarmoniza com a escrita. É o caso de "mesa" onde o S tem som de Z, "examinador" onde o X tem som também de Z, entre inúmeros casos que preencheram as nossas cartilhas do ABC primário (rr, ch, sh,...).

Quem opta pelo Curso de Letras não consegue fugir desse universo e cedo ou tarde acaba literalmente tomando uma sopa de letrinhas, ainda que se enverede pelo universo da Literatura - mundo ao qual pertenço, é inexorável o cultivo da escrita. Eu, particularmente, optei por um idioma estrangeiro (Língua Inglesa), o que me custou muito suor e nenhuma lágrima nos quatro anos da graduação, porque diferente da meninada de hoje, eu não "nasci sabendo", sou de uma época em que passávamos os quatro anos de ginásio estudando o verbo ToBe sem o google. E nessa realidade, padecemos eu e um bom bocado de gente.

Contudo, o apresso pela língua alvo nunca fez com que eu desmerecesse minha língua materna. E devo lhes dizer que incrivelmente a maioria dos estudantes e professores de LE cometem esse pecado. Eu não sei em que eles se pautam, mas o fato é que alimentam um excesso de vaidade pela poliglotia, muitas vezes brutalmente desenvolvida, e terminam negligenciando intencionalmente a língua pátria. De muitos casos, lembro agora de uma estudante no segundo período de Letras que certa vez disse não ter conseguido pegar um táxi porque não lembrava como faria em Português. Acreditem, existem casos assim e outros ainda bem piores.

E por falar em bem piores, fui sinalizado por uma amiga de curso a ver como alguns professores (em especial de língua inglesa) conduzem o Português nas redes sociais. É assustador! É assustador porque mesmo estando em um espaço de escrita vulnerável (a net, para ser chique), foram essas pessoas que nos catequizaram, que nos reprovaram, que até nos humilharam. E por isso me pego pensando se vale a pena arrotar tanto estrangeirismo quando não se sabe ao certo nem o português... Ainda bem que hoje dispomos de mecanismos de auto correção ou da cafona desculpa: foi erro de digitação.

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