terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobre o Trânsito de Pau dos Ferros



Acreditar no poder público é, antes demais nada, acreditar que o poder público constituído existe tão somente para promover a melhoria de vida do povo, legitimo detentor do poder. E crendo firmemente nisso, calcado numa formação democrática, expus ontem, véspera de um protesto, um desabafo de duas linhas em minha página pessoal (facebook) a minha insatisfação com o trânsito caótico de Pau dos Ferros, cidade onde trafego diariamente, pedindo ao senhor prefeito municipal que consertasse o semáforo que sinaliza a entrada da rodoviária no sentido leste-oeste da Av. Independência. Avenida esta, que não somente precisa ter a sinalização devidamente ajustada, mas também faltam lombadas e afins para sua melhoria e/ou redução de acidentes, alguns com vítimas fatais. Não delegando ao Departamento de Trânsito, no alto de minha ignorância legislativa, recebi algumas críticas. Tais como me mandando cobrar ao órgão competente por isso. 

Das mais ortodoxas, recebi no espaço conhecido por Bate Papo no facebook, um também desabafo de uma colega, sinalizando cuidado aos meus escritos e ao mesmo tempo me advertindo da minha falta de elegância ao “colocar indiretas no face”. Contudo, as regras da Língua Portuguesa me permitem compreender que numa oração com Sujeiro + Verbo + Predicado, não se trate de uma indireta, e sim de uma direta. O comportamento da colega não me surpreende nem tampouco choca ou chateia. Ao contrário, compreendo perfeitamente sua postura. É de nossa cultura transferir valores, principalmente os afetivos, daquilo ou daqueles que gostamos para nós. Um exemplo mais claro desse escambo seria eu me ofender de alguém que me falasse mal, por exemplo, da cantora Maria Bethânia – entidade vocal pela qual esmero devoção, capitaneado a ofensa para o lado pessoal e esquecendo ser possível respeitar a diferença, ou mesmo a desqualificação de um livro que eu aprecio e por ai vai... Na política, nos comportamos exatamente igual. Se eu bater no seu candidato, dói mais em você do que nele. Essa transferência torna-se quase uma simbiose a mercê do grau de afetividade e mecanismos de defesa com os quais você (ou eu) nos utilizamos para defender o que apreciamos e porquanto sentimo-nos parte.

Mas antes de tomar as dores daquilo que não nos diz respeito, deveríamos ter cuidado com os nossos enunciados, afinal, volto a dizer “a palavra escrita é a maior expressão da natureza de seu autor” e assim, defendo-me, a despeito do meu pecado (cobrar ao senhor prefeito o que não é de sua responsabilidade) através do sentimento coletivo que motivou vários estudantes hoje a irem as ruas hoje protestar melhorias no trânsito de Pau dos Ferros, e defendo-me mais ainda pelo empirismo que nos faz crer na possibilidade de recorrer ao senhor prefeito municipal – representante máximo do poder público de nossa cidade, um olhar compromissado e engajado em tudo que diga respeito à municipalização da cidade. Inclusive o trânsito! Pois foi nele que votamos, que depositamos essa confiança. E é em seu espírito de liderança e consciência política que respaldamos a nossa insatisfação com o tráfego caótico da cidade de Pau dos Ferros. Não sendo dele a responsabilidade da situação, seja ao menos, por dignidade e respeito ao povo que lhe deu poder solidificar a voz da população, para que alguma providência seja tomada em caráter de urgência, especialmente no trecho onde situam-se nossas instituições de Ensino Superior: UERN e IFRN, palco de vários acidentes nos últimos dias. Não estamos pedindo o absurdo, mas cobrando o que por nosso é de direito. 

Nossa cidade cresceu muito nos últimos anos, é certo, mas ainda há muito que se desenvolver para que ela assuma seu caráter de cidade polo do Alto-Oeste Potiguar, para onde convergem trinta e seis municípios de três estados diferentes. E não é transferindo responsabilidades que encontraremos uma solução, mas lutando juntos. E se alguém, não convencido da gravidade do problema, ainda acha que isso é intriga da oposição, eu só peço que reflitamos juntos sobre a necessidade em ainda ser preciso pintar a cara e ir gritar nas ruas. Nesse escaninho me pergunto se somos palhaços e paro por aqui.

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