Todo mundo sabe que dispenso colaboradores em meus escritos, sejam eles folhetins ou artigos acadêmicos. Mas paradoxalmente, nunca abri mão de uma boa equipe de informantes que dêem norte ao que penso e expresso, pois não acredito que se construa sentidos isoladamente, o texto em si é antagônico a esse propósito; devendo por excelência ser socializado e interpretado das mais diversas maneiras. Pensando nisso, da vida os fatos, tem contado com a participação de opiniões que usam esse democrático espaço para construir sentidos, sentidos que muitas vezes buscamos nos escaninhos da alma afim de esboçar alguma praticidade àquilo que mais nos interessa. Devendo eu certamente, comungar de alguma forma com o que aqui posto, me escreve hoje mais uma vez, o Professor Carlos Magno:
Meu caro blogueiro,
Fui recentemente abordado por leitor seu deste blog cuja esperança seria de fazer-me indagação sobre algo bem pitoresco. Desejava o queixante saber “como reconhecer se estar ou não criando-se 'um clima' entre duas pessoas”.
Bem, vez que tenho sido procurado muito como psicanalista, uma vez que minha habilidade de seduzir pela literatura arreferce-se com o passar do tempo, decidi por responder ao seu leitor utilizando o meio que ele gosta: seu blog.
Pois bem, anônimo leitor de Da Vida os Fatos. Eis o que penso:
Como nomes e fatos não me foram fornecidos, provavelmente para que a privacidade dos atores em questão ser garantida, limito-me a dar informações de ordem geral, generecidades colhidas aqui e acolá, fruto da observação.
Observe que os dois vez por outra tem conversas prolongadas em lugares públicos, 'vez por outra', mas não tão longes uma da outra, para dar saudade, mas também não tão constantes 'para não dar na vista', estão sempre em lugares isolados, mais públicos. Falam sempre em tom moderado, mas não baixo demais, para não despertar suspeitas. Geralmente está um de pé e outro sentado ou se ambos sentados guardam certa distância. E nunca se tocam fisicamente. Eis o primeiro sintoma.
Observe que se um terceiro interlocutor mais desavisado chega, a conversa será com discreta rapidez terminada. Aguarda-se um pouco trocando enunciados absolutante desconexos e sem sentido e se retiram. Ou para outro lugar cuja presença de ouvidos não esteja disponível ou então um dos dois vai de fato embora, contudo o que fica olha para o que se foi até ele cobrir-se na galeria, geralmente fazendo brincadeiras “que ninguém entende”, só para ele se virar um vez mais e rir para o outro, ou grita uma informação “codificada” e o outro faz sinal que entendeu ou ainda uma despedida “completamente formal”. Eis o segundo sintoma.
Observe que assim que o outro se cobriu lá na galeria o que ficou olha o celular. Eis o grande sinal! É uma mensagem com os dizeres: “precisei sair não-se-porque” ou “já estou com saudade” ou ainda “que pena que temos tão pouco tempo” ou qualquer outra coisa patética que anuncia, para quem recebe, a intensidade do resultado. Eis o terceiro sintoma.
Por fim, você, se for somente um desafortunado observador como eu, isto é, se não participar do teatro e isso nos faz desafortunados, note que os atores em questão, sempre terão um comportamento arredio, desconfiados, desconversando sempre na presença de terceiros. Mas, lembre-se: esses são dados genéricos e não se aplicam sempre, mesmo assim, espero ter ajudado ao mesmo tempo em que agradeço ao Nobre Blogueiro o espaço concedido!
Meu caro blogueiro,
Fui recentemente abordado por leitor seu deste blog cuja esperança seria de fazer-me indagação sobre algo bem pitoresco. Desejava o queixante saber “como reconhecer se estar ou não criando-se 'um clima' entre duas pessoas”.
Bem, vez que tenho sido procurado muito como psicanalista, uma vez que minha habilidade de seduzir pela literatura arreferce-se com o passar do tempo, decidi por responder ao seu leitor utilizando o meio que ele gosta: seu blog.
Pois bem, anônimo leitor de Da Vida os Fatos. Eis o que penso:
Como nomes e fatos não me foram fornecidos, provavelmente para que a privacidade dos atores em questão ser garantida, limito-me a dar informações de ordem geral, generecidades colhidas aqui e acolá, fruto da observação.
Observe que os dois vez por outra tem conversas prolongadas em lugares públicos, 'vez por outra', mas não tão longes uma da outra, para dar saudade, mas também não tão constantes 'para não dar na vista', estão sempre em lugares isolados, mais públicos. Falam sempre em tom moderado, mas não baixo demais, para não despertar suspeitas. Geralmente está um de pé e outro sentado ou se ambos sentados guardam certa distância. E nunca se tocam fisicamente. Eis o primeiro sintoma.
Observe que se um terceiro interlocutor mais desavisado chega, a conversa será com discreta rapidez terminada. Aguarda-se um pouco trocando enunciados absolutante desconexos e sem sentido e se retiram. Ou para outro lugar cuja presença de ouvidos não esteja disponível ou então um dos dois vai de fato embora, contudo o que fica olha para o que se foi até ele cobrir-se na galeria, geralmente fazendo brincadeiras “que ninguém entende”, só para ele se virar um vez mais e rir para o outro, ou grita uma informação “codificada” e o outro faz sinal que entendeu ou ainda uma despedida “completamente formal”. Eis o segundo sintoma.
Observe que assim que o outro se cobriu lá na galeria o que ficou olha o celular. Eis o grande sinal! É uma mensagem com os dizeres: “precisei sair não-se-porque” ou “já estou com saudade” ou ainda “que pena que temos tão pouco tempo” ou qualquer outra coisa patética que anuncia, para quem recebe, a intensidade do resultado. Eis o terceiro sintoma.
Por fim, você, se for somente um desafortunado observador como eu, isto é, se não participar do teatro e isso nos faz desafortunados, note que os atores em questão, sempre terão um comportamento arredio, desconfiados, desconversando sempre na presença de terceiros. Mas, lembre-se: esses são dados genéricos e não se aplicam sempre, mesmo assim, espero ter ajudado ao mesmo tempo em que agradeço ao Nobre Blogueiro o espaço concedido!
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