sábado, 12 de maio de 2012

Novelas...


Data-se do século XIII no reinado de Afonso III a transição das cantigas trovadorescas para as novelas de cavalaria em Portugal. Dos ciclos, o mais efervescente e que gerou subserviência ao gênero local foi o do lendário Rei Arthur. Este é um gênero que maravilha amantes da Literatura de todos os tempos em todos os lugares. No Brasil, pelo menos a despeito de minha diminuta catequese literária, Clarice Lispector e sua maestria gráfica para com os roteiros da vida real e sufocada na ficção merece destaque ao nos apresentar A Hora da Estrela, uma novela simples, curta e concisa, mas que atendendo aos dramas emergenciais de milhares de Macabéas e Macabeus que ainda hoje sobrevivem da dor alheia e do ócio burguês contemporâneo, retrata a história de vida de uma menina simples, nordestina, que migra para o Rio de Janeiro buscando melhores condições de vida e é massacrada pela realidade (e condição) existencial, Macabéa passa a sentir uma dor – a dor de existir – e esse é o drama que Clarice desenrola em seu texto, esta é a arte de saber escrever, sensibilizar-se com um personagem capenga, sem graça, um e um milhão para traduzir uma dor que as pessoas só sabem sentir, a dor que arfa no peito do Nordestino (do passado e de hoje) que acredita que indo para o Sul do país vai se tornar uma estrela, porque todo mundo tem sua “hora da estrela” e as novelas, ao longo dos anos, tem retratado na televisão e nos livros, por mais absurdo que possa parecer algumas coisas, a vida das pessoas, ou como diria Nelson Rodrigues “a vida como ela é”, esse sentimento transcrito, traduzido de maneira elementar é que nos faz crer na beleza do que vem por ai, com ou sem aspirinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário