Data-se do século XIII no reinado de Afonso III a transição
das cantigas trovadorescas para as novelas de cavalaria em Portugal. Dos ciclos,
o mais efervescente e que gerou subserviência ao gênero local foi o do lendário
Rei Arthur. Este é um gênero que maravilha amantes da Literatura de todos os
tempos em todos os lugares. No Brasil, pelo menos a despeito de minha diminuta
catequese literária, Clarice Lispector e sua maestria gráfica para com os
roteiros da vida real e sufocada na ficção merece destaque ao nos apresentar A
Hora da Estrela, uma novela simples, curta e concisa, mas que atendendo aos
dramas emergenciais de milhares de Macabéas e Macabeus que ainda hoje
sobrevivem da dor alheia e do ócio burguês contemporâneo, retrata a história de
vida de uma menina simples, nordestina, que migra para o Rio de Janeiro
buscando melhores condições de vida e é massacrada pela realidade (e condição)
existencial, Macabéa passa a sentir uma dor – a dor de existir – e esse é o
drama que Clarice desenrola em seu texto, esta é a arte de saber escrever,
sensibilizar-se com um personagem capenga, sem graça, um e um milhão para
traduzir uma dor que as pessoas só sabem sentir, a dor que arfa no peito do
Nordestino (do passado e de hoje) que acredita que indo para o Sul do país vai
se tornar uma estrela, porque todo mundo tem sua “hora da estrela” e as
novelas, ao longo dos anos, tem retratado na televisão e nos livros, por mais
absurdo que possa parecer algumas coisas, a vida das pessoas, ou como diria
Nelson Rodrigues “a vida como ela é”, esse sentimento transcrito, traduzido de
maneira elementar é que nos faz crer na beleza do que vem por ai, com ou sem
aspirinas.
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