terça-feira, 22 de maio de 2012

Coisas de mim...


Eu estou sempre aqui, olhando pela janela. Não vejo arranhões no céu, nem discos voadores. Os céus estão explorados, mas vazios. Existe um biombo de ossos perto daqui. Eu acho que estou meio sangrando. eu já sei, não precisa me dizer. Eu sou um fragmento gótico. Eu sou um castelo projetado. Sou um slide no meio do deserto. Eu sempre quis ser isso mesmo. Um adolescente nu, que nunca viu discos voadores, e que acaba capturado por um trovador de fala cinematográfica. Eu sempre quis isso mesmo: armar hieróglifos com pedaços de tudo, restos de filmes, gestos de rua, gravações de rádio, fragmentos de TV. Mas eu sei que os meus lábios são transmutação de alguma coisa planetária. Quando eu beijo, eu improviso mundos molhados. Aciono gametas guardados. Eu sou a transmutação de alguma coisa eletrônica. Uma notícia de saturno esquecida, uma pulseira de temperaturas, um manequim mutilado, uma odalisca andróide que tinha uma grande dor, que improvisou com restos de cinema e com seu amor, um disco voador.

(Fragmentos do texto "Disco Voador" de Fausto Fawcet)

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza 
De que muito pouco eu sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu sou
Estrada eu vou
Todo mundo ama 
Um dia todo mundo chora
Um dia a gente chega
No outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.

(Tocando em frente - Almir Sater e Renato Teixeira)

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