Gosto de reler, recordar e reviver. A duplicata
sentimental da execução de alguma coisa delegada em algum momento de sua vida,
se renova quando você transforma essa tarefa numa replica bem feita. Reler o
mesmo livro de três em três anos, ouvir a mesma música repetidas vezes não
parece-me falta do que fazer, mas uma ação renovadora daquilo que já foi. É
como refazer o caminho em busca dos escaninhos que outrora foram desapercebidos
pela efemeridade do tempo e das razões que dependiam aquele instante. Releio
algo, não porque seja ocioso ou porque que nunca mude. Em se tratando
disso, o DéJà Vu do nosso magnífico Reitor Milton Marques de Medeiros deste
domingo último, falava nas primeiras linhas da existência de pessoas caricatas
à lá Nelson Rodrigues, que na vida só mudam os dentes e permanecem estáticos. É
claro que o professor não se referia a hábitos de releitura, mas certamente a
pessoas que resistem as mudanças favoráveis a evolução particular e coletiva
nas instâncias da vida. Inclusive não resisti e lhes disse (se é que ele vai
ler) que o que me consola diante disso, é saber que estas pessoas não regridem,
se o não evoluir já é um estancamento muito grande, que ao menos permaneçam
onde estão. Ainda hoje vejo o programa do Chaves a procura da primeira
impressão, de um DéJà Vu consciente, como só se é possível revendo um programa
no qual você emite sonoramente a fala seguinte do personagem que está entrando
em cena. E ainda assim, conseguir rir e descobrir que nem que seja ao menos uma
reles entonação, você não a tinha arquivado naquilo que chamam de cérebro.
Reler um livro para mim é quase a mesma coisa, é você rebuscar, não distante
das citações de efeito, um sentido que você esqueceu ou precisa redescobrir,
porque as condições de produção e os olhos que te fazem reler hoje o que leu há
três anos, por exemplo, não são mais as mesmas, e isso é uma verdade
involuntária, por mais resistente que sejam algumas pessoas a mudanças e
conceitos: ou elas fazem o caminho de Santiago, ou o caminho de Santiago as
fazem. A propósito, falo de Santiago de Compostela exatamente por ter terminado
de reler “O Diário de um Mago” do nosso Mago Paulo Coelho, é um exemplar do
estilo que gosto, edição antiga, folhas amarelas, letra grande de modo a não
agredir minha visão a despeito das lentes progressivas, e relendo a obra, refiz
um caminho que já existia evidentemente, se fora refeito, mas que quando li a
primeira vez não me interessava enxergar. Sim, a nós só é permitido ver aquilo
que desejamos, nossas limitações são decorrentes de nossas vontades, desejos e
por vezes sonhos inacabados em poeira de estrelas. Mas deixando a poeticidade
de lado um pouco, gostaria de revelar de modo inédito aquilo que todos sabemos
(perceberam a importância dicotômica de meus escritos? – risos) que ao final do
livro nos é revelado exatamente com essas palavras: Não existe nenhum pecado em ser feliz (...) fizestes-me ver que a busca
da felicidade é pessoal, não é um modelo que possamos dar para os outros.
Confesso que tenho vontade de subscrever o livro inteiro, é que eu ainda sou
daquele tipo de gente que se coça por completo quando tem algo a revelar, eu
ainda continuo querendo partilhar tudo que tenho com todos, inclusive o conhecimento
(se não me falha a memória, a única coisa que não divido é o amor da mulher
amada – risos) então deixo como indicação de leitura aos “ociosos” que assim
como eu, buscar refazer um caminho, seja em nome da saudade, pela busca de sua
espada ou uma motivação particular qualquer, importando-se apenas em não perder
tempo, mas a utiliza-lo de modo, a saber, que esta espada que buscamos só deve
nos ser dada quando soubermos o que fazer com ela, porque as pessoas sempre
chegam na hora exata onde estão sendo esperadas. Você não leu isso á toa!
Ate que vim te encontrei,estou com muitas saudades e com muitas novidades para te dizer.Espero em breve te encontrar para podermos colocar nossas conversas em dia. Um grande cheiro de quem te adimira mmmmmmmuitooooo. Cleide.
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