Eu sei que é junho
O doido e gris seteiro
Com seu capuz escuro e bolorento
As setas que passavam contra o vento
Zunindo pela noite no telheiro
Eu sei que é junho
Esse relógio lento
Esse punhal de lesma
Esse ponteiro
Esse morcego em volta do candeeiro
E o chumbo de um velho pensamento
Eu sei que é junho
O barro dessas horas
O berro desses céus, ai
De anti-auroras
Essas cisternas
Sombras, cinzas, sul
E esses aquários fundos cristalinos
Onde vão se afogar mundos meninos
Entre peixinhos de geleia azul.
(Alceu Valença)
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