O período eleitoral independe de nossa vontade.
Votar é uma ação de cidadania obrigatória na República Federativa do Brasil.
Entretanto, participar ou não da “festa da democracia” é uma opção. Afinal, trata-se de uma democracia. Opção, que
busquei muitos anos tentando inutilmente alinhar as teorias com as práticas; certamente por
isso tornei-me visível nesse meio. Tanto, que já recebi leves (ou reles)
convites para então me engajar novamente este ano.
As nossas vidas, dada ao processo cíclico de
mudanças, nos fazem apreciar em momentos específicos, com valores mais específicos
ainda, coisas que nessa rotatividade podem tornar-se imprescindíveis ao Homem,
ou banais. A política, ou melhor, o período eleitoreiro, é uma dessas coisas
que para mim não importa mais. Não nego minha militância e êxtase frente aos
candidatos que outrora deleguei um voto e fiz campanha. Mas evidências e
esclarecimentos particularmente intransferíveis, me fazem olhar esse meio com,
permitam-me o desdém, dissabor e superioridade.
Dissabor e superioridade, não porque eu seja melhor
que os nossos governantes, mas também por não ser pior, quando muito e graças a
Deus, diferente. O que segundo Fernando Pessoa já me faz um homem superior. E o
dissabor, a quem interesse saber, não vem necessariamente de causas frustradas
ou esquecidas, mas pelo destempero de quem me desrespeita direta e indiretamente.
Lembro-me ainda muito bem dos perrengues da campanha
passada, que a propósito, ainda estão grafadas nesse site como registro de um
tempo que passou. Lembro-me de tudo, dos inimigos granjeados e até do que
poderia ter sido, se fosse mais além. E por lembrar de tudo, é que a balança
faz mais peso do lado de cá me mostrando que devo permanecer onde estou. E
estou muito bem.
Tanto, que ao ver os primeiros sinais da politicagem
espalhada nas redes sociais já decidi: ignorar tudo com solenidade. Porque essa
política, segundo Fernando Pessoa, é
a degeneração gordurosa das organizações da incompetência. Sufoco de ter tudo
isso à minha volta. Deixem-me respirar.
Só assim, optando por não me contaminar, estarei de
consciência limpa que fiz o que tinha de ser feito. Não querendo com isso,
dizer que renuncio a Política em minha vida, caso alguém diga isso envolto a um
véu de ignorância, é bom lembrar que Política (com P maiúsculo), é um conjunto
de opiniões e princípios que governam relações até dentro de sua própria casa,
portanto inevitável.
Abstenho-me, não disso! Porque não sou idiota. Mas
da politicagem sebosa e ordinária que permeia o período eleitoreiro. Deixo que
as campanhas sejam feitas pelos candidatos e seguida por seus afins, não por
mim. Não contem mais comigo, que meu voto (secreto) seja o bastante para o bem
ou para o mal.
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