Quando surgiu a
Televisão, nos anos 40, logo começaram a falar muito sobre seu poder de causar
dependência e sua facilidade em manipular a opinião da grande massa. Ainda nos
anos 60, estudos apontavam que a “chupeta eletrônica” era responsável por um
processo de alienação pensante; o que ainda hoje, há quem defenda. Entretanto,
não me recordo de nenhum eletrônico que, em nossa cultura, seja imune ao vício
de seus usuários. Se observarmos, hoje o comportamento megalomaníaco das
pessoas que dependem das redes sociais para sobreviver, rapidamente
perceberemos que isto nada mais é que o reflexo dessa dependência que já se
anunciava nos anos atrás.
Mas para não fugir da
Televisão, talvez um aparelho eletrônico um tanto ortodoxo se comparado aos
vícios modernos, vamos falar da programação. Estou assistindo pela enésima vez
a novela Roque Santeiro – em DVD, é claro, porque hoje não mais reprisam coisas
tão boas e, assistindo novamente, me vem em mente pautar a qualidade das novelas
de hoje. Para começar, e talvez não consigamos sair disso: se não tiver sexo
ninguém assiste. Na Rede Globo, evidentemente.
Vocês já se perguntaram
por que os dramalhões mexicanos não exploram o corpo e a sensualidade em seus
folhetins, ou simplesmente preferem não assistir porque cansa? Não há outra
maneira de fazer TV, hoje, senão pelas amarras do Ibope. Tudo gira em torno da
audiência e isso, de algum modo, compromete a criação do autor; afinal, ele
precisa manufaturar na esteira rolante. Mas por que no México é tão diferente?
Lá as pessoas não gostam de sexo?
Nelson Rodrigues ao nos
escolarizar em mostrar sempre “a vida como ela é”, nos deixa também à margem de
um perigo lanceado entre as verdades e o pudor. E a verdade da programação da
TV brasileira, sobretudo das novelas é que não pudor. Se ela não vulgarizar,
digo, modernizar, “sexualizar”, perderá audiência para a “net”. E se fugir essa
regra, a novela torna-se até incompreensível para parte do público, foi isso o
que mais assustou Silvio de Abreu ao receber o feedback de “As filhas da mãe”: não ser compreendido.
Pensando para este
último parágrafo em como os telespectadores aprendem rápido as lições (bordões)
das novelas, me pego também pensando se esse comportamento manufatureiro (para
a emissora, é claro) já está sendo reproduzido vida afora... Será que eu “não
sei” porque só assisto Televisão? Ou ainda porque encontro tempo para namorar,
estudar e sentar pelas calçadas? O probleminha (bem inha) da Televisão HOJE,
não é diferente do inha da Música. As pessoas buscam em seus cinco minutos de
glória o sucesso. Apenas! Se a novela der audiência ou a música tocar no rádio,
o que interessa se é de boa qualidade? O sucesso justifica qualquer porcaria e
ninguém precisa de uma lógica para produzir o que já tem receita pronta.
Somente percebam isso antes de saírem por aí reproduzindo discursos ocos de que
novela mexicana é tudo uma coisa só.
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