No próximo 22 de julho,
a tradição cristã celebra Santa Maria Madalena. Desde pequeno, rememorando aqui
os tempos de catecismo católico, internalizei o estigma da prostituta que até
hoje circunda seu nome. Por aqui, virou até ditado popular chorar de arrependimento
igual a uma Madalena, pois a esta se designa através das Sagradas Escrituras, a
pecadora que fora perdoada por Jesus de Nazaré. Embora os Evangelhos canônicos
não deixem clara sua verdadeira identidade.
Margaret Starbird em Maria Madalena e o Santo Graal – a mulher do
vaso de alabastro nos oferece outra versão sobre sua história. Versão esta
que inspirou Dan Brown em O Código da
Vinci. Ambos não recomendados para cristãos dogmáticos. A versão se passa
sobre a possibilidade, mas contundente, de que esta Maria Madalena,
irmã de Lázaro de Betânia, havia se casado com Jesus de Nazaré e gerado um
filho seu, ou melhor, uma filha.
A heresia disseminada
em todo o ocidente fora sufocada pela ortodoxia católica que negou por toda a
História essa possibilidade. A autora, seguindo a guisa de outros estudiosos
precursores do assunto, rememora passagens bíblicas para mostrar onde está nas
entrelinhas dos evangelistas a cultura matrimonial entre Jesus e Madalena,
àquela que o ungiu com perfume.
Mas qual a verdadeira
identidade desta mulher tão confundida com outras? Por que pairou sobre si o
estigma da prostituição se foi casada com o rabino messiânico, autentico
representante de Davi e legitimado na Terra como o cordeiro de Deus? Os
evangelhos de Marcos e Lucas apontam que Madalena foi curada de sete demônios
possessos, mas em passagem alguma dizem ser ela uma prostituta. Até caberia
adentrar no campo antropológico da História Antiga para explicar melhor o termo
prostituta, casualmente utilizado
para nomear as samaritanas que ungiam os senhores nos templos, mas não sendo
minha área, deixo a julgo dos entendimentos outrem, pois estudos de Starbird
apontam nas Artes e na cultura antiga uma gama de evidências sobre sua
verdadeira representação feminina de Maria Madalena no tempo de Jesus. É um
livro não recomendado para quem lê apenas com os olhos da fé, pois as
revelações comprometeram até o catolicismo da própria autora.
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