Até 1943 quando surge Clarice Lispector no cenário das produções literárias brasileiras, pouco se produziam obras numa temática introspectiva, voltada para o interior, para a ação existencialista do ser. Lendo Os Ratos, de Dyonelio Machado (1935) percebemos a angustia do personagem Naziazeno como um escape a ação capitalista do mundo moderno.
Imaginem o drama de um proletariado em dívida com o leiteiro, tendo que pagar sua dívida em apenas 24 horas. São, pois, nessas 24 horas que o personagem desdobra-se em meio a uma série de possibilidades para conseguir o dinheiro e tem sua narrativa condensada de dentro para fora.
Esse padrão estético rompe com a estrutura tradicional e é completamente inovador para sua época. Torna-se difícil compreender, em alguns aspectos, e exige do leitor uma atenção mais exata. Há momentos em que as ações "perdem-se" no tempo e no espaço da narrativa para somente assim conseguir acompanhar o pensamento transcrito. Lembremos, pois, que nesse estilo romanesco estamos prezando o que se efetua de dentro para fora. E não se pode ler um texto dessa natureza da mesma maneira como se lê, por exemplo, Luzia Homem - Domingos Olímpio.
Fica aqui a minha dica de leitura para esta semana: Os Ratos. Para quem deseja exercitar sua inteligência de forma desesperadora e angustiante na incansável busca de identificação com o mundo moderno. Depois vocês me contam o que onde estão os ratos e o que conseguiram roer. (risos)
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