Bem antes, muito antes de Walcyr Carrasco escrever Morde & Assopra e dar vida à andróides. Dois artistas visionários aqui de Pau dos Ferros já profetizavam um sertão de metal que seria cenário do novo milênio. 'Inda tenho na memória quase esmaecida pelos anos, a imagem deles cantando em homenagem ao Monsenhor Caminha nas festas de Nossa Senhora da Conceição em dezembro.
Recordo-me também dessas canções quando ainda criança algumas vezes frequentei a casa de Círio, nos antigos LP's e vez em quando em alguma esquina da vida. O reconhecimento aos artistas é muito restrito e limitou-se a uma platéia pequena, afinal santo de casa não faz milagre não é mesmo?
Agora a obra está disponível em CD e eu ganhei um. Aos interessados, atentem à mensagem apocaliptica que da nome ao disco. Hoje conversando com a irmã de Léo, soube que ele tem uma inédita pronta. Quem sabe qualquer dia temos novidade na praça...
Por hoje, para vocês, Sertão de Metal:
Já não é bom rever nosso passado
Agora é ruim prever nosso futuro
Há dor nos olhos, vergonha no peito
Desse meu direito de um mano ruim
De um mano ruim.
Vejo o sertão de Câmara Cascudo
Mal empalhado, peça de museu
O sábia de metal mal polido
Raízes do passado
E meu bumba-meu-boi morreu
Meu bumba-meu-boi morreu.
E vejo uma flora de borracha
Tão nova, abrigando os juritis
Dos artesãos oficiais suicidas
E vejo lá no campo
Uma voz mal programada
Chamando o gado por curral
Sem aboiar
Ê, gado, oi
Ê, gado, oi.
Um cão de parafuso sem o seu latido
Urubu de urânio urinando óleo
Mandacaru, maracatu mirou-se na miragem.
A ecologia chora suas dores
A flora e a fauna falando das flores
Tudo é coisa pro ano 2000
Eu sei que ninguém viu
O sertão de metal
Mas eu sonhei
Gado, oi
Ê, gado, oi.
Ainda mantenho em meu pequenino acervo um LP, Sertão de Metal da referida dupla. Concordo que as músicas são bem interessantes.
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