domingo, 3 de julho de 2011

Sertão de Metal em CD

Bem antes, muito antes de Walcyr Carrasco escrever Morde & Assopra e dar vida à andróides. Dois artistas visionários aqui de Pau dos Ferros já profetizavam um sertão de metal que seria cenário do novo milênio. 'Inda tenho na memória quase esmaecida pelos anos, a imagem deles cantando em homenagem ao Monsenhor Caminha nas festas de Nossa Senhora da Conceição em dezembro.
Recordo-me também dessas canções quando ainda criança algumas vezes frequentei a casa de Círio, nos antigos LP's e vez em quando em alguma esquina da vida. O reconhecimento aos artistas é muito restrito e limitou-se a uma platéia pequena, afinal santo de casa não faz milagre não é mesmo?
Agora a obra está disponível em CD e eu ganhei um. Aos interessados, atentem à mensagem apocaliptica que da nome ao disco. Hoje conversando com a irmã de Léo, soube que ele tem uma inédita pronta. Quem sabe qualquer dia temos novidade na praça...
Por hoje, para vocês, Sertão de Metal:

Já não é bom rever nosso passado
Agora é ruim prever nosso futuro
Há dor nos olhos, vergonha no peito
Desse meu direito de um mano ruim
De um mano ruim.


Vejo o sertão de Câmara Cascudo
Mal empalhado, peça de museu
O sábia de metal mal polido
Raízes do passado
E meu bumba-meu-boi morreu
Meu bumba-meu-boi morreu.


E vejo uma flora de borracha
Tão nova, abrigando os juritis
Dos artesãos oficiais suicidas
E vejo lá no campo
Uma voz mal programada
Chamando o gado por curral
Sem aboiar
Ê, gado, oi
Ê, gado, oi.


Um cão de parafuso sem o seu latido
Urubu de urânio urinando óleo
Mandacaru, maracatu mirou-se na miragem.


A ecologia chora suas dores
A flora e a fauna falando das flores
Tudo é coisa pro ano 2000
Eu sei que ninguém viu
O sertão de metal
Mas eu sonhei
Gado, oi
Ê, gado, oi.

Um comentário:

  1. Ainda mantenho em meu pequenino acervo um LP, Sertão de Metal da referida dupla. Concordo que as músicas são bem interessantes.

    ResponderExcluir