Roda dos Expostos - Convento dos Cardaes, Lisboa - Portugal
Das notícias que mais circulam hoje nas redes é o abandono de crianças. Acabei de ler uma em que a criança foi abandonada num bueiro, mesmo depois de tanto se reportar o perigo destes, ainda com o coradão umbilical em Londrina próximo a PUC.
Na época da Idade Média, até meados do século XIX haviam as extintas Rodas de Expostos, originárias de Portugal, onde lá e cá (Brasil Colônia) cultuavam a prática nos hospitais, conventos, santas casas e outros.
Para quem nunca ouviu falar, o sistema ilustrado na foto acima, consistia num nincho na parede, onde havia uma espécie de cilindro oco, as "mães" depositavam as crianças recén nascidas em seu interior, fechavam a portinhola e tocavam o sininho avisando que ali havia sido deixada uma criança. No interior do lugar, os responsáveis giravam o cilindro, tal qual uma roleta e resgatavam a criança, onde ela naturalmente recebia registro e os cuidados necessários. Às vezes, essas "mães" por alguma razão deixavam cartas de recomendação, ou lembrancinhas para mais tarde reconhecerem seus filhos e quem sabe, readotá-los.
Há quem critique a prática medieval, ainda mais por terem sido usadas por instituições filantrópicas. O fato é que não se pode negar que com o uso da Roda de Expostos, muito diminuiu-se os infaticídios, e vendo o número de crianças abandonadas em barrancos, bueiros e até nas latas de lixo, acho que seria bem mais humano que elas voltassem a funciar. Podem me chamar de tradicional, mas se calhar não estariamos reativando um incentivo ao abandono, mas a caridade! Pois a coragem que sobra numa "mãe" que abandona seu filho ainda com o cordão umbilical, falta para enfrentar a burocracia de um orfanato moderno e muito mais em quem se dispõe a adotar uma criança. Vocês não acham?!
"Levai-a muito escondida
e trazede-m'a parida
criancinha engeitá-la
onde seja recolhida."
(Gil Vicente - Comédia de Rubena)
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