Carta ao mestre
A Carlos Magno Viana Fonseca
Estou aqui, me pegando com o que chamam de lembrança, oprimido pelo que denominam saudade. Tentando imaginar o Carlinhos que eu não conheci. O Carlinhos menino, frágil, cheio de medos. Por que o que me vem à cabeça é aquele que eu conheci, aquele homem de personalidade forte, aliás, foi com você que eu aprendi o que é ter personalidade forte.
Fico lembrando quando conheci você, se a memória não me trai no finalzinho de 2009, você não gostava muito ou nem pouco de mim, nós sabemos o motivo. Convenhamos, eu também não gostava muito de você, mas era impossível não sentir admiração, era impossível não querer te imitar, como eu fiz tantas e tantas vezes. Nessa época eu era seu aluno, e me lembro das suas palavras ao final da disciplina: “Eu estava seco pra lhe reprovar, mas você passou bonito”.
Depois as coisas mudaram, ou quem sabe, se esclareceram, foi aí que nasceu, de ambas as partes, um sentimento de amizade. Como eu disse a alguém: “Não éramos grandes, ou mesmo bons amigos, mas gostávamos de conversar um com o outro”. Lembro-me de cada discussão; das conversas jogadas fora via MSN; das repreensões, estas que eu acolhia quando achava conveniente; me lembro das risadas; da descontração; de quando você tomou Montilla e eu acompanhei com Pepsi; me lembro dos conselhos; lembro de quando você me chamava de amigo; lembro dos três apelidos, o primeiro não era tão legal, mas foi você que deu; me lembro de quando você me acusou, mas também lembro de quando você me defendeu; lembro das vezes que brincou e das vezes que falou sério; lembro das vezes que se decepcionou e das vezes que se orgulhou de mim. Eu me lembro de tudo, Carlinhos!
Eu só não podia imaginar que a dor da partida viria tão cedo. Não podia imaginar que seria hoje o dia que eu derramaria todas as lágrimas possíveis, por você. Eu não tinha noção de que seria hoje que o meu coração estaria com esse nó.
Hoje, subindo aquela serra, lembrei-me da última vez que estive lá, foi em sua companhia e também de outras pessoas queridas. Desta vez, subi sem você, sem sua alegria contagiante, mas você era o motivo de eu estar lá, as pessoas queridas também estavam, não todas que estiveram da última vez, mas eram muitas. Eu até quis procurar você, mas lembrei de que não te encontraria em outro lugar, senão na minha lembrança, apesar de você está em todos os lugares que olho. Você se foi cedo demais, arrisco-me em dizer isso, apesar da ciência de poder estar errado. Quem somos nós para dizer que é cedo ou tarde?
Não se esqueça de que algo eu sempre guardarei. Todos os momentos que estivemos perto, ou longe e perto vão ficar trancados em uma caixa chamada saudade. Vai ficar também a dor da lembrança, mas, sobretudo, os ensinamentos, os sorrisos, as tramas, as conversas, os conselhos, tudo vai ficar comigo. Você hoje é a minha motivação e exemplo para aquilo que decidi seguir. Carlos Magno, “aquele abraço”!
Do amigo, Netanias Mateus de Souza Castro.
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