Então imaginem um lugar onde não exista dor e que a morte
não cause espanto. Em 1932 Aldous Huxley pensou nisso e escreveu Brave New
World ou Admirável Mundo Novo. Um mundo onde os sentimentos e a razão são
condicionados ao uso de uma droga. Um mundo onde seus habitantes são regidos
por leis separatistas de bem estar constante. Parece genial! Parece um surto
psicótico de algum enredo de Literatura Fantástica ou uma narrativa alucinógena
de algum usuário de drogas. O fato é que a viagem astral que a obra, por esta
leia-se o filme que assisti, nos condiciona é de fato, fantástica. Fantástica
porque o homem do nosso mundo vive em busca desse refúgio e é preciso uma
genialidade ímpar para transpor numa obra esse futuro. Recordo-me aqui da
apresentação de Walquiria, quando digo que o mundo moderno tem sido palco de
grandes mudanças que anseiam por futuro. É do protótipo de nosso homem
civilizado, essa busca incansável pela felicidade plena. O grande entrave dessa
questão é: como conquistá-la? Ou melhor, como fabricá-la? Já que no mundo hoje
tudo tem um preço e nada tem valor, é de se questionar o nível de produção e independência
do homem moderno. É possível imaginar felicidade vendida em cápsula? É possível
passar a ser usuário desta droga e esquecer o dogmatismo e os valores que
norteiam nossas ideologias? Para tanto, nem ao menos precisaríamos de uma ideologia,
só nos bastava mesmo sermos felizes.
A nossa condição humana e racional, deveras diminuta ante
tal façanha, nos faz redemoinhar como farrapos em meio ao turbilhão de possibilidades
concatenadas, presas ao que seja realmente a vida. O fato de buscarmos no outro
nossas realizações e sermos nocauteados pelas (in)verdades alheias no espectro
do nosso eu nos permite delirar e imaginar ser possível isso e muito mais.
Porém, é preciso esclarecer, que assim como a “soma” (cápsula ingerida para
entorpecer a razão na obra) não existe, senão no plano das ideias, ou na
concepção mais linear do que se entenda por drogas do mundo real, não existe
também um efeito constante e imune ao tempo dessa (s) overdose (s). Seria,
portanto, necessário, nos tornarmos dependentes para satisfação plena e passar
a acreditar que com o tempo, seu efeito não seria minimizado, assim como os
valores que pelo proposto, são solenemente destruídos. Por esses valores
leia-se: amor, família, morte e vida entre tantos outros que permeiam nosso
existencialismo nesse mundo. Se enlameado, como canta Marinês, ou não, é ele,
palco de nossas vidas, teatro das artes de uma força criadora maior que a
proposital e desafiadora ideia de vencê-lo pelo medo de enfrentá-lo.
Adorei o texto... é para isso que serve uma obra de arte: para nos fazer pensar!
ResponderExcluirHUGS
Vilian