O que será? Que será?
Que ta dentro da gente que não devia?
Que desacata a gente, que é revelia?
Que é feito uma água ardente que não sacia?
Que é feito estar doente de uma folia?
Que nem dez mandamentos vão conciliar?
Nem todos os unguentos vão aliviar.
Nem todos os quebrantos, toda alquimia...
Que nem todos os santos!
Que será, que será?
O que não tem descanso? Nem nunca terá!
O que não tem cansaço? Nem nunca terá!
O que não tem limite!
[...]
O que será que me dá?
Que me queima por dentro!
Será que me dá?
Que me perturba o sono!
Será que me dá?
Que todos os tremores que vêm agitar...
Que todos os ardores me vêm atiçar...
Que todos os suores me vêm encharcar...
Que todos os meus nervos estão a rogar...
Que todos os meus órgãos estão a clamar...
E uma aflição medonha me faz implorar!
O que não tem vergonha? Nem nunca terá...
O que não tem governo? Nem nunca terá...
O que não tem juízo?!
(Chico Buarque de Holanda)
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