Quando se está num mundo onde a ignorância é sempre confundida com a espontaneidade (e nós estamos) corremos o risco de quando em quando nos surpreendermos com as práticas discursivas dos sujeitos que o constituem.
Hoje cedo fui surpreendido com uma nota postada em 14 de março por um dos rostos da multidão (a benção Clarice Lispector) que fez auditório pra um seminário que apresentei em equipe na Universidade da qual sou legalmente matriculado. No referido bloco de letras, o sujeito nos mandava um recado como estratégia de defesa ao fato de estarem minhas colegas falando mal desta importante pessoa numa parada de ônibus. Na seqüência, sem eira nem beira ele destaca com letras agressivamente garrafais apelando para que nosso grupo “cresça e apareça” este recorte discursivo para quem não entender bem, é um ditado chulo, corriqueiramente usado pelas pessoas que dado ao cultivo de uma prática lingüística desarranjada projetam seus argumentos, confundindo dialeto ou expressão idiomática com o vazio de suas idéias.
Há alguns anos leciono em nível médio na rede pública e recentemente passei pela experiência de exercer meu magistério também no ensino fundamental menor, nem sempre fui ovacionado como o melhor professor, porque de fato não sou, mas nem meus alunos de primário quando punidos por falta de comportamento me mandaram um recado tão mal elaborado. Haja vista a pseudo intelectualidade que regem as “mentes brilhantes” da universidade, respaldo rememorar o direito que me assiste de me portar metodologicamente da maneira que eu bem entender. Não seja por falta de um projetor de multimídia ou pelo excesso desses recursos que me posto como orador de um auditório para “impressionar com meia dúzia de palavras mal colocadas e uma bandeja de besteira!” se fomos minhas colegas e eu servir meia dúzia de besteira em bandeja, teve gente que encheu o bucho! Tanto que causou má digestão e não processou organicamente bem, ocasionando uma bela dor de barriga e um plausível desespero.
Questionar o “analfabetismo” de nossos alunos pode ser um propósito louvável, desde que os sujeitos dispostos a isso fazer, sejam de fato e por direito legitimamente alfabetizados e capazes de mediar recursos de combate a esse desalinho. Contudo, parece que denunciar seus próprios erros na medida que os outros afetem não parece nada com um processo de alfabetização nem ao menos de Letramento. Falar é fôlego! Já dizem os mais velhos...
Limitados! Talvez essa seja a palavra de maior valia a qual fomos adjetivados nos escritos do elemento. Sim, porque somos mesmo e assumir nossas deficiências longe de parecer fraqueza é um gesto nobre. Se não fossemos limitados, o que faríamos aqui? Certamente por isso fomos saudados (ironicamente é claro) por “Nobres Colegas do Curso de Espanhol...” E por falar em Espanhol, habilitação da qual não faço parte mas tive o privilégio de por um tempo vivenciar a Academia, é que recordo-me do ranço presunçoso que impera de forma cafona no ego das habilitações que se julgam melhor em detrimento de outra, por isso é que minhas colegas e eu já fomos advertidos “cresçam e apareçam quando quiserem se destacar num lugar onde eu esteja presente!” Não se preocupe senhor, está dado o recado, só espero que depois dos 20 ainda estejamos em fase de crescimento (risos).
Acabo de me lembrar, pela memória esmaecida e a despeito de minha idade, que no primeiro dia de aula a professora questionava o motivo, causa, razão ou circunstância que nos fez optar pela disciplina de Novas Tecnologias. Caberia agora questionar a prática que as pessoas fazem destas mídias enquanto recurso digital e contribuição a evolução ou quem sabe, alfabetização para com o seu próximo. Porém, lamentavelmente, um curso de informática não habilita ninguém a manusear com ética e respaldo um computador. Portam-se essas pessoas por trás de uma tela, como anônimos em busca de uma identidade, nem que seja digital para mostrarem para si próprias o quanto elas são, digamos... “limitadas”.
Receber um panfleto como o de hoje de manhã, embora tenha-me descolado uma sonora gargalhada me motivou, ante o estado de espírito de minhas colegas (mentes brilhantes a quem reverencio a inteligência e prática docente) a repensar na condição existencial do ser dialógico que circula a Academia e as redes sociais e tenho a plena certeza de que sucumbir tais questionamentos em torno desse comportamento mixuruca é bem mais elegante que belicamente revidar o desmerecimento de umas poucas linhas arbitrariamente grafadas.
Receber um panfleto como o de hoje de manhã, embora tenha-me descolado uma sonora gargalhada me motivou, ante o estado de espírito de minhas colegas (mentes brilhantes a quem reverencio a inteligência e prática docente) a repensar na condição existencial do ser dialógico que circula a Academia e as redes sociais e tenho a plena certeza de que sucumbir tais questionamentos em torno desse comportamento mixuruca é bem mais elegante que belicamente revidar o desmerecimento de umas poucas linhas arbitrariamente grafadas.
Costumo dizer que há grandes diferenças entre os bons e os que pensam ser bons, a maior delas, porém, é que os bons de verdade não se auto proclamam bons, são eleitos por aclamação. Finalmente gostaria de agradecer o grito de alerta que o Sr Capacidade nos mandou, lamento não poder responder a altura, sou limitado demais para isso e por ser tão limitado assim, é que faço minhas as palavras de Waly Salomão e Jards Macalé porque sou mais que um olho de Lince.
Quem fala que sou esquisito hermético
É porque não dou sopa!
Estou sempre elétrico, nada que se aproxima, nada me é estranho
Fulano, sicrano, beltrano
Seja pedra, seja planta, seja bicho, seja humano
Quando quero saber o que ocorre a minha volta
Eu ligo a tomada, abro a janela e escancaro a porta
Experimento, invento tudo, nunca jamais me iludo!
Quero crer no que vem por ao beco escuro
Passado, presente, futuro, urro
Reviro na palma da mão o dado
Futuro, presente, passado
Tudo sentir total
É chave de ouro do meu jogo
É fósforo que acende o fogo
Da minha mais alta razão
E na seqüência de diferentes naipes
Quem fala de mim tem paixão.
Gênio!
ResponderExcluirMeu mais que querido amigo Fernando Junior, o que dizer diante de um comentário daqueles? creio que o que tinha que ser dito, já foi por você. Bullyng,preconceito? sim, com certeza. No entanto, estamos uma em Universidade e precisamos agir como universitários. Não vamos agir ou usar dos mesmos métodos do portador do cementário. Somos conscientes e adultos o suficientes para não estarmos falando de (no máximo sobre) alguém em paradas. Entregaremos ao soberano Deus. Ele saberá o que fazer. Se tiver que levar isso a frente, levaremos, se não, tudo tranquilo, sabe por que? sabemos da nossa capacidade, da nossa simplicidade, das nossas "limitações". Não precisamos dizer que somos "o tal", apenas que somos educadores de organizações educacionais com muitas deficiências (a realidade), não educadores perfeitos, de instituições perfeitas, com internet para todos(existe?). vamos agir assim como somos: simplesmente educadores de escolas brasileiras, como muito amor claro.
ResponderExcluirParabéns, Fernando Júnior, pelo seu blog.
ResponderExcluirEssa pessoa mencionada no texto não sabe o que diz “perdoa Pai”.Quem saiu dizendo que estávamos falando mal dele não ouviu direito e nem viu porque eu nem estava nessa parada. Eu estou cursando uma segunda Universidade e tenho duas especializações. Não foi "com meia dúzia de palavras e uma bandeja de besteiras" como vc falou, "cara do 7º príodo de Português, que conquistei isso não... sei muito bem como se apresenta um seminário e nunca na sala mostrei que sabia mais que ninguém, pq estou lá para aprender e não para sair dizendo que só a melhor. Além disso, são mais de 10 anos que eu estou em sala de aula "colega" que não é “nobre”. Achar que não ensinamos direito e que nossos alunos são analfabetos é “atirar no escuro”. Venha assistir nossas aulas. Mas que pena! É melhor não.... vc não sabe espanhol e muito menos inglês. Que coisa! Vc só sabe a língua que qualquer brasileiro sabe (do mais pobre ao mais rico) Português (risos).
Bob Marley menciona que “[...] o sol brilha para todos, mas para algumas pessoas no mundo ele nunca brilha.” Não sei onde vc vai brilhar, mas nós já brilhamos por natureza....isso não é para qualquer um. Procure crescer, mas deixe que os outros façam vc aparecer... “vai a dica”. Siga a dica de Martha Medeiros “As pessoas mais talentosas, em sua maioria, são as mais modestas, autênticas e sem pose.”
Não esqueça, "colega", que quando se brilha demais é capaz de explodir...."quem mandou meter a mão na cumbuca” (ditado popular)kkkkkkkkkkkk.......
A citação de Bob Marley e de Marta Medeiros foi do site: http://pensador.uol.com.br/pessoas_q_querem_ser_melhor_q_as_outras/7/