Tom Jobim costumava dizer que fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal. Mas é que no Brasil, algumas pessoas brilham demais e os responsáveis somos nós por constituir-lhes esse brilho. Em lugar nenhum do mundo existe o assédio que aqui faz coro aos artistas. Isso sem falar dos casos extras em que eles entram numa espécie de acordo com os paparazzi para estarem sempre em evidência.
E uma das formas de estar sempre em evidência, ademais de fazer um bom trabalho, é ser sempre do contra. A esquerda sempre bate mais forte e encontra uma forma de ser vista. A bola da vez, agora, é um time de cantores proibindo a publicação de suas biografias, endossando com isso a ideia de Roberto Carlos quando tirou de circulação a sua.
Se por um lado eu entendo a preservação do nome do artista e o caso de ser noticiado alguma inverdade, o que acarretaria um processo na justiça comum, entendo muito mais o outro lado, o dos biógrafos. Essas pessoas que se ocupam em escrever sobre a vida dos artistas não são jornalistas de programas de fofoca, são estudiosos, sobretudo da cultura popular. Então os homenageados vem de lá com um monte de entrave jurídico para boicotar o trabalho dos escritores com medo deles enricarem às custas de seus nomes.
Qual é o medo? Não dá pra entender! E até dá! Se para isso considerarmos o fato de alguns artistas renegarem seu passado ou quererem lucrar com o trabalho dos escritores. No caso dos cantores, vale lembrar que se não se vendem mais discos, livros muito menos. Principalmente no Brasil! E ademais disso, a vida pública, querendo eles ou não é do povo, é da internet, da TV... Basta ligar em canais de fofoca que diariamente eles dão conta do que Chico Buarque comeu no almoço ou que horas Djavan foi dormir.
Acho uma falta de respeito e sensibilidade da parte dos artistas que endossam a campanha de censura às biografias não autorizadas. Eles no mínimo não merecem a dedicação de seus escritores, e falo isso por experiência própria, porque nunca escrevendo uma biografia de ninguém, sinto-me farto pela indiferença que uma cantora ai ofereceu a um trabalho de quatro anos que lhe dediquei.
A grande verdade é que 25 anos depois daquela belíssima constituição quase socialista, ainda vigente, vivemos uma democracia com resquícios de ditadura, caminhando sempre em beneficio próprio numa única estrada: a do estreitamento.
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